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Desigrejados – Um modelo equivocado de cristianismo

Há alguma semelhança desse novo movimento, com o modelo da igreja primitiva? NÃO, não há!

O chamado movimento dos “desigrejados” costuma defender que o seu modelo de cristianismo é semelhante ao da igreja primitiva. Porém, quando questionados acerca de práticas cristãs básicas, como: evangelismo, batismo, discipulado, Ceia, etc., eles se atropelam para tentar explicar o porque que NÃO cumprem esses rudimentos da fé Cristã, as quais, eram evidentes, presentes e constantes na vida da igreja primitiva, como ainda é até hoje na contemporânea. Abordaremos agora alguns pontos que os adeptos desse movimento distorcem.

 

TEMPLO

Há um discurso desprovido de fundamentos, o qual é a ladainha de alguns que agora inventaram de abominar os “templos”. Por alguma razão (a qual, nem os que isso fazem entendem) ensinam que “templo” é coisa pagã, e que a “igreja” não é tijolo, e que Jesus nunca mandou construir templos, etc.,

É óbvio que igreja não é tijolo. É gente. Mas, e daí? Em que isso impede que a igreja (que é gente) tenha um lugar específico para se reunir? Não pode? E se Jesus não disse para construir templos, onde é que ele também disse para não construir?

É uma ignorância teológica, histórica e bíblica, querer igualar o Cristianismo ao Judaísmo, quando “inventam” que a igreja Cristã gira em torno do “templo”. Isso não existe! Os templos nada mais são do que um lugar específico de culto, e uma base própria da comunidade para o exercício das funções da igreja no contexto em que está inserida. Só isso.

O fato da IP (igreja primitiva) se reunir em casas aponta apenas para um momento da sua vida que, como se sabe, fazia isso secretamente muitas vezes por conta das perseguições. – Em Atos 2 temos a narrativa de que apenas em um dia quase 3.000 pessoas se converteram ao Cristianismo,  e foram batizadas. Pergunto: Para “casa” de quem eles foram?????

E o que dizer dos versículos seguintes que dão continuidade ao crescimento da igreja, e a comunhão, e unidade, e de como perseveravam todos os dias também no TEMPLO? (At. 2:46)

A própria hierarquia ensinada na igreja inviabiliza um “modelo” informal de comunidade com ações e reuniões restritas às “casas”, como podemos ver em 1 Cor. 12:28, Ef. 4:11-16, etc – E para quê essa hierarquia se, na verdade, não havia “organização” (como pensam alguns)?

E se a igreja não era organizada, por que já desde cedo instituiu os “DIÁCONOS” para atenderem o “ministério Cotidiano”, enquanto os Apóstolos iam ao “ministério da Palavra”?? (At. 6:1-4) – E o que dizer das coletas feitas pela igreja em favor dos necessitados e das viúvas, bem como a ajuda mútua entre os membros como podemos ver em  2 Cor. 9 ??

O templo somos nós. É óbvio! Onde é que o Cristianismo diz o contrário? Agora, só porque o “templo somos nós” é proibido construir templos para que a igreja se reúna? De onde se tirou isso? – E que mal há em referir-se ao templo como igreja? Dizer que vai à “igreja” é o mesmo que dizer que vai onde a igreja está reunida.

Até mesmo o Apóstolo Paulo chamou de “igreja” o momento do culto, como se vê explicitamente em 1 Cor. 14:28, 34, etc.. Simples assim.

 

DENOMINAÇÕES

Outro equívoco é demonizar também as denominações, ou seja, segundo esses “cristãos”, é proibido ter e construir templos, e também não pode ter um nome que identifique um grupo. Sei… e onde isso pode ser verificado nas Escrituras? Não pode.

Denominações NÃO criam “outras igrejas”, mas apenas diferenciam um grupo de outro. Porém, a “igreja” é a mesma, ou seja, são membros de um MESMO corpo. – Jesus deixou isso evidente quando disse aos discípulos que tinha ovelhas que NÃO eram “daquele aprisco” (João 10:16), ou seja, que não andavam com eles.

Logo, ser de um “aprisco” diferente NÃO sugere ser de um “pastor” diferente. Aliás, resistir aos que são de um “outro” aprisco (porém ovelhas do mesmo pastor) foi um ERRO cometido pelos próprios discípulos, porém, Jesus ou repreendeu com veemência (Mc. 9:38-41).

 

ORGANIZAÇÃO

Esse novo movimento também critica as igrejas porque são “empresas” de “CNPJ”. A ignorância nessa afirmação é, além do que já vimos, uma triste demonstração de falta de cidadania e do conhecimento dos direitos e deveres. – Ter um CNPJ é imposição do Estado. E a igreja é SIM pessoa jurídica. É assim que a Lei a reconhece.

E por que a igreja precisa ser reconhecida pelo Estado? Porque ela é um agente que atua na execução de atividades de alcance amplo, na promoção social e na propagação da fé, o que contribui na diminuição dos graves problemas sociais do país, sendo essa a causa, inclusive, da sua imunidade tributária, segundo consta no art. 150, VI, “b” da CF/88, e no Código Civil de 2002.

Ser uma comunidade organizada como instituição, é facilitar o serviço no auxílio à comunidade onde a igreja está inserida, e assim poder atuar junto com os órgãos federais, estaduais e municipais nas ações em prol da população. – Portanto, a igreja tanto é um órgão, como também é um organismo, e assim opera em todos os lados.

Portanto, ser uma igreja organizada, ter um CNPJ e um CEP é o básico para que a igreja de Jesus Cristo possa oferecer à comunidade onde atua não somente um socorro espiritual, mas também social; mas permanecer na informalidade é deixar de agir conforme a Lei determina, e limitar o braço da igreja como corpo de Cristo, no alcance das pessoas em todas as suas áreas.

 

LIDERANÇA

 Os chamados “desigrejados” também resistem a toda idéia de autoridade. Dizem que pastores são “lobos” segundo o que, pasmem, “Jesus ensinou”. A idéia de que toda liderança ou autoridade seja algo desaprovado por Cristo é uma heresia sem tamanho. Ao longo de TODA a Escritura, incluindo ambos os testamentos, é óbvia e explícita a existência de autoridades. Isso nunca mudou, e nem mesmo Jesus jogou isso por terra.

Interpretam equivocadamente o texto de Mateus 23, alegando que Jesus condenou toda espécie de liderança, ou mestres, não discernindo que a condenação de Jesus era em relação à liderança corrompida e hipócrita, mas jamais sobre a liderança propriamente dita. Em Mt. 23 a condenação é à hipocrisia dos Fariseus, visto que Jesus chega a dizer que os discípulos DEVERIAM ouvir e praticar o que os Fariseus diziam, mas não deviam fazer o que eles faziam. (23:3)

A partir daí Jesus segue no mesmo pensamento, dizendo que não deviam se considerar como “Rabis”, “Pais”, ou “mestres”, mas que o MAIOR dentre os discípulos seria o MENOR. No fim desse mesmo capítulo, Jesus declara que enviaria “profetas, sábios e escribas”, e que alguns dentre estes seriam mortos, crucificados, açoitados e perseguidos; para que caísse sobre a cabeça dos Fariseus o sangue dos justos. – (23:34-35).

Logo, como Jesus poderia condenar qualquer tipo de “liderança”, ou “mestres”, ou “escribas”, se Ele mesmo disse depois que enviaria “profetas”, “escribas” e “sábios”???

E como Jesus poderia condenar os “pastores”, se ele mesmo “inaugurou” essa função dizendo ser um (e não o ÚNICO), transmitindo também essa obrigação à Pedro, quando disse:

“…apascenta as minhas ovelhas.” – (João 21:15,16,17)

Pedro tanto entendeu o recado, como também o cumpriu, e ainda passou adiante durante TODO o seu ministério. Quando já velho, ainda ensinou à igreja:

“…Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu: …. apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente: nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória.” – (1 Pe 5:1-4)

Assim, se o próprio Pedro, Apóstolo, que recebera pessoalmente de Jesus tal função, a qual, como vemos, não só cumpriu mas também exortou a que fosse cumprida, como não consideraremos que “apascentar o rebanho” de Deus seja uma tarefa instituída a alguns na igreja, e isso pelo próprio Cristo?

E ao dizer, no mesmo contexto, que Jesus é o “Sumo-pastor” (ou seja, o pastor dos pastores), temos novamente do Apóstolo argumentos para afirmar que pastores são ofícios lícitos e reais na vida da igreja Cristã, desde o seu princípio.

Portanto está evidente que Jesus NÃO condenou a posição de liderança, mas a HIPOCRISIA da liderança.

 

FUNÇÕES NA IGREJA

Nessa incansável e inútil tarefa de querer desconstruir o genuíno cristianismo, os “desigrejados” tentam ainda lançar por terra a hierarquia óbvia e existente na igreja. Tomando ainda como exemplo o texto de Mateus 23, Jesus deixa claro que os que quisessem “ser grandes”, ou “os primeiros”, ou “importantes”, que fossem SERVOS E SERVIÇAIS entre os demais, completando o que dizia dando o exemplo de si mesmo que, mesmo sendo o maior, NÃO veio para ser “servido” mas para SERVIR. (MT. 20:28)

Logo, Jesus não condena a liderança nem a hierarquia, visto que isso é algo intrínseco aos princípios de Deus desde a fundação do mundo, onde liderança e hierarquia podem ser comprovadas ao longo de toda a Escritura, desde a criação, passando pelo povo no deserto, os Reis, as tribos, os maiorais, anciãos, os cabeças de cem, de cinqüenta, etc… – Os grandes homens de Deus na história eram líderes: Davi, Samuel, Moisés, Josué, etc…

Temos longas referências à submissão á liderança nas Escrituras (Rm. 13:1-7), a pais e mães (Ef. 6:1, Ex.20:12), aos mais velhos (1 Pe 5:5), aos senhores (Ef. 6:5), aos pastores, guias ou líderes (Hb. 13:17) etc.; e também, sem dúvida alguma, a própria hierarquia consolidada na igreja desde seu nascimento (1 Cor. 12:28, Ef. 4:11-16);

Portanto, “liderança” é um princípio presente em TODA  a criação de Deus. Visível em todo o reino animal, e também entre os homens e suas constituições, como também em todo o propósito de Deus, e em suas instituições como a família, igreja, etc…

Vejamos agora textos que evidenciam a existência de uma hierarquia na igreja de Cristo:

1 COR. 12:28:

“…Assim, na igreja, Deus estabeleceu alguns primeiramente Apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro, MESTRES; em seguida, os que realizam milagres, os que têm dons de curar, os que tem dom de prestar ajuda, os que tem dons de administração e os que falam diversas línguas. Acaso são todos APÓSTOLOS? São todos profetas? Ou são todos MESTRES? Todos têm o dom de realizar milagres? Todos tem dons de curar? Falam todos em línguas? Todos as interpretam?

EFÉSIOS 4:11

“…Assim, ele designou alguns para APÓSTOLOS, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e MESTRES;”

Como está evidente, há uma “ordem” entre um e outro, determinando que certas funções vem “primeiro”, enquanto outras vem em “segundo”, e assim consecutivamente. Essas funções são encargos, as quais são dons dados por Deus, e que cada um deve exercer segundo o que lhe foi confiado.

Independente de que os encargos acima citados sejam “dons” de Deus, ou seja, cada um é capacitado por Deus em seus chamados, isso não faz a menor diferença se cada um, no exercício desse seu “dom”, seja também identificado nele; – Assim, se uma pessoa que tem o “dom” de “mestre” for chamado também dessa forma, o que há de errado??

Ele não foi intitulado por si, mas atende ao chamado de Deus, exercendo o dom que Deus lhe deu, e pelo dom atende. Seria o mesmo que identificar o dom de ensino em alguém, mas condená-lo por ser chamado de “professor”… faz sentido??? Não, certamente.

Portanto, ser chamado de pastor, ou mestre, não é “vaidade”, mas apenas atender pelo nome do próprio dom que lhe foi dado. Não é óbvio? – Assim, na igreja do Messias há sim hierarquia, como os próprios textos acima revelam, e Mc. 10:42-45 não nega isso;

Ao contrário do que alguns sugerem, Jesus não “iguala” a todos nesse sentido, mas deixa claro que haveriam “maiores” não no sentido de glória (como os príncipes das gentes), mas em relação ao serviço, e autoridade.

 

CONCLUSÃO

Se o NT é a única fonte precisa para se medir o genuíno Cristianismo, é ele mesmo quem demonstra o modelo de igreja que o Cristianismo, ao longo de todo o tempo, tem adotado. É IMPOSSÍVEL encontrar nas páginas do NT uma igreja nos moldes que os “desigrejados” exercem. Não existe uma igreja sem autoridade, sem organização, sem formalização. Jamais cumpriremos o Evangelho de Cristo em sua plenitude, se adentrarmos a um “cristianismo” independente, informal, solitário, rebelde e insubmisso.

Se o nosso “cristianismo” não pode ser encontrado nas páginas do NT, nem pode também ser visualizado na vida da igreja primitiva, esse cristianismo é FALSO.

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